
Duplo Sentido
- Lobo Expiatório
- O País Do Futuro
- Ana Beatriz Jackson
- Vôo 985
- Após Calipso
- Me Dê Uma Chance
- Deusa Da Minha Cama
- Chamam Isso Rock N’ Roll
- Muita Estrela, Pouca Constelação
- O Último Tango
- O Suicídio Parte II
- Chuva Inflamável
- Enigma
- Farinha Do Desprezo
- A Canção Do Martelo
- Aluga-se
- Canalha
Letras
Lobo Expiatório
(Marcelo Nova / Karl Hummel / Gustavo Mullem)
É preciso dar exemplo, é preciso encontrar
Um lobo expiatório uma eminência parda
É preciso lei e ordem aqui nesta floresta
Chamem os caçadores e suas espingardas
É tão difícil disfarçar
Não ver que está jorrando sangue da ferida
E continuar cantando estes longos, longos anos
De vida dividida, de vida bandida
Pelo risco de correr através do escuro
Pelo fogo que queima nossa alma
Pelo medo de quem se acha seguro
Pelo desejo que nunca se acalma
É preciso dar exemplo, é preciso encontrar
Um lobo expiatório uma eminência parda
É preciso lei e ordem aqui nesta floresta
Chamem os caçadores e suas espingardas
É só conferir através dos tempos
Essa estupidez chega a ser histórica
É tão redundante, é tão previsível
Como não bocejar diante desta retórica
Pelo risco de correr através do escuro
Pelo fogo que queima nossa alma
Pelo medo de quem se acha seguro
Pelo desejo que nunca se acalma
Pelo risco de correr através do escuro
Pelo fogo que queima nossa alma
Pelo medo de quem se acha seguro
Pelo desejo que nunca, nunca se acalma
O País Do Futuro
(Marcelo Nova / Robério Santana)
Aqui não tem problema, só se você quiser
Este é o país do futuro, tenha esperança e fé
Todo dia lhe oferecem, sempre o melhor negócio
Vão levar a sua grana, vão lhe chamar de sócio
Vai ficar tudo bem, acredite em mim, meu filho
A gente aumenta o seu salário, dispara o gatilho
Aí, pra que você não reclame, e também pra que não esqueça
Dispararam o tal do gatilho, em cima da sua cabeça
Nós vamos outra vez, pro fundo do buraco
Você não tem vergonha, e eu já não tenho saco
Estamos outra vez, pro fundo do buraco
Você não tem vergonha, e eu já não tenho saco
No peito um crachá, na boca um sanduiche misto
Muito pouco aqui no bolso, mas muita fé em Jesus Cristo
Quem sabe ele se zanga, desce lá do Corcovado
Passa o cajado nessa corja, Deus também fica retado
Mas enquanto ele não vem, não vou ficar parado
Segure a onda meu irmão, que eu já tô injuriado
Se você não me respeita, vou radicalizar
Meto a mão em seu focinho, eu tô cansado de apanhar
Nós vamos outra vez, pro fundo do buraco
Você não tem vergonha, e eu já não tenho saco
Estamos outra vez no fundo do buraco
Você não tem vergonha e eu já não tenho saco
Ana Beatriz Jackson
(Marcelo Nova / Karl Hummel / Gustavo Mullem)
Ela passou pelo Morumbi, olhou pra mim
E eu fiquei de bobeira em frente do espelho
Ela correu pro Mercedes vermelho
Disse você vai ser meu e correu pro Mercedes vermelho
Ela disse: “Meu nome é Ana
Eu tenho muita grana
E você tem tudo pra poder me amarrar
E talvez a gente possa casar”
Só depois lembrei, do que mamãe dizia
Quando eu caia na night
“Ouça meu filho, são as piores vagabundas
Que freqüentam a society”
Ana Beatriz é uma meretriz
Eu pulei fora, eu juro, senhor juiz
O filho não é meu, ela é quem diz
O filho não é meu, ela é quem diz
A gente acabou casando, ela engordando
Estourando toda a grana e eu atolado até o joelho
E ela bateu o Mercedes vermelho
Mas causava frenesi no programa do Amaury
Seu cabelo era espiga de milho
Ela perdeu os cílios
A cicatriz da cesárea, era pura quelóide
E o menino cresceu debilóide
Então não suportei, dei-lhe uma porrada
Ela cuspiu a dentadura
Arranquei o seu olho postiço
Ainda mato essa criatura
Ana Beatriz é uma meretriz
Eu pulei fora, eu juro, senhor juiz
O filho não é meu, ela é quem diz
O filho não é meu, ela é quem diz
O filho não é meu, ela é quem diz
Vôo 985
(Marcelo Nova / Karl Hummel / Gustavo Mullem / Aldo Machado)
Dentro de instantes estaremos pousando
As luzes lá em baixo dizem que sim
Mas o escuro no meu coração
Diz que este vôo não vai ter fim
Sobrevoar casas tão pequenas
Que eles chamam, lar doce lar
Se embriagar de vida amarga
Até não poder aterrissar
Dentro de instantes estaremos pousando
As luzes lá em baixo dizem que sim
Mas o escuro no meu coração
Diz que este vôo não vai ter fim
Nesta janela persiste o seu rosto
Na minha alma insiste a sua ausência
E na angústia, a dúvida e o medo
De não haver saídas de emergência
Após Calipso
(Marcelo Nova / Karl Hummel / Gustavo Mullem)
Essa é pra quando os porcos se afogarem na lama
Essa é pra quando acabarem os fins de semana
Essa é pra quando as entranhas estiverem sendo expostas
Essa é pra quando as perguntas já tiverem respostas
Essa é pra quando iluminarem o lado escuro da lua
Essa é pra quando calarem as ambulâncias na rua
Essa é pra quando o cobertor não evitar o frio
Essa é pra quando os magazines estiverem vazios
Essa é pra quando a platéia não poder aplaudir
Essa é pra quando quem entrar não conseguir mais sair
Essa é pra quando as leis não puderem dar jeito
Essa é pra quando a cicuta não fizer mais efeito
Essa é pra quando a verdade despencar da janela
Essa é pra quando o cadeado não trancar mais a cela
Essa é pra quando as estradas estiverem interditadas
Essa é pra quando os contra cheques não servirem pra nada
Essa é pra quando acabar todo o combustível
Essa é pra quando respirar já não for mais possível
Essa é pra quando as máscaras caírem dos rostos
Essa é pra quando a sentinela abandonar o posto
Essa é pra quando Judas retornar do inferno
Essa é pra quando terminarem as juras de amor eterno
Essa é pra quando o tímpano estiver perfurado
Essa é pra quando Deus estiver acordado
Me Dê Uma Chance
(Marcelo Nova / Karl Hummel / Gustavo Mullem)
Tá todo mundo embriagado…
Eu levantei essa manhã, você não estava mais aqui
Eu levantei essa manhã, você não estava mais aqui
Eu nunca soube o que eu tinha
Agora eu sei o que eu perdi
Por favor me dê uma chance, não me deixe aqui sozinho
Por favor me dê uma chance, não me deixe aqui sozinho
Já acabei com todo o whiskey
Não encontro o meu caminho
Já rezei pedi a Deus, ver se ele me acalma
Já rezei pedi a Deus, ver se ele me acalma
Pois você deixou o meu corpo
Mas levou a minha alma
Eu levantei essa manhã, você não estava aqui
Eu levantei essa manhã, baby, você não estava mais aqui
Eu nunca soube o que eu tinha
Agora eu sei o que eu perdi
Deusa Da Minha Cama
(Marcelo Nova / Karl Hummel / Gustavo Mullem)
Foi de repente, eu ainda estava rindo
Você virou pro lado e dormiu num instante
Acentuando estas formas que eu desejo
Como uma deusa, tão perto e tão distante
Eu não soube como reverenciar
Enquanto Charles Bronson exalava na TV
Todo mal cheiro do seu lixo moral
Você dormindo sorria e me possuía
Isso eu nunca tinha sentido igual
Eu não soube como agradecer
Eu que sempre vivi
Encerrado em mim
Nunca imaginei
Que mudasse assim
E nada se perdeu
E minha insônia se tornou tão interessante
Eu acordado e excitado o bastante
Queria lhe tocar sem saber se devia
Quando você virou e sussurrou “bom dia”
Aí eu soube o que fazer
Chamam Isso Rock N’ Roll
(Marcelo Nova / Karl Hummel / Gustavo Mullem)
Há meia hora alguém ligou
Amanhã é dia de viajar
Pra São Paulo ou Salvador
Um contrato, obriga a tocar
Correr pra fazer as malas
Você na estrada outra vez
Isso já nem lhe abala
Não sabe o dia nem importa o mês
Engolindo este café
Pra não perder o avião
Tem que apertar o cinto
E comprimir a sensação
Sono perdido não tem cura
Como não tem essa pressão
A 10 mil metros de altura
Você queria estar no chão
Esses caminhos tão compridos
Até já parecem tão normais
Os hotéis são sempre parecidos
E as garotas são iguais
A imprensa vai entrevistar
Tem fotografias pra fazer
São sempre as mesmas perguntas
Você já cansou de responder
Vamos lá, passar o som
O ensaio tá atrasado
Parece que agora está bom
Tá todo mundo esgotado
Ouvindo a multidão berrar “Bota pra fudê”
É hora de abrir o show
Nem deu tempo de afinar
Eles chamam, chamam isso Rock n’ Roll
Muita Estrela, Pouca Constelação
(Marcelo Nova / Raul Seixas)
A festa é boa, tem alguém que tá bancando
Que lhe elogia enquanto vai se embriagando
E o tal do ego vai ficar lá nas alturas
Usar brinquinho pra romper as estruturas
E tem um punk se queixando sem parar
E um wave querendo desmunhecar
E o tal do heavy, arrotando distorção
E uma dark em profunda depressão
Eu sei até que parece sério, mas é tudo armação
O problema é que tem muita estrela, pra pouca constelação
Tinha um junkie se tremendo pelos cantos
Um empresário que jurava que era santo
Uma tiete que queria um qualquer
E um sapatão que azarava minha mulher
Tem uma banda que eles já vão contratar
Que não cria nada, mas é boa em copiar
A crítica gostou, vai ser sucesso ela não erra
Afinal, lembra o que se faz na Inglaterra
Eu sei até que parece sério, mas é tudo armação
O problema é que tem muita estrale, pra pouca constelação
O fotógrafo ele vai documentar
O papo do mais novo big star
Pra aquela revista de rock e de intriga
Que você lê, quando tem dor de barriga
E o jornalista ele quer bajulação
Pós- new- old é a nova sensação
A burrice é tanta tá tudo tão à vista
E todo mundo pousando de artista
Eu sei até que parece sério, mas é tudo armação
O problema é que tem muita estrale, pra pouca constelação
O Último Tango
(Marcelo Nova / Karl Hummel / Gustavo Mullem)
Numa noite tão antiga, num barzinho de bordel
Você disse “É o inferno”, eu lhe prometi o céu
Jurei que lhe cobriria de ouro e diamantes
Você xingou a minha mãe e me chamou de tratante
Em casa confessou que o mês passado passou mal
Por causa de enxaqueca e cólica pré menstrual
E eu lhe falei que o tal do carro esvaziou meu contra cheque
Pois tive que trocar bobina e as pastilhas do breque
Nós já conversamos muito e você não se queixou
Do sangue e da dor que lhe persegue todo mês
Se passar da meia noite e o seu marido não chegou
Então vamos pra cama outra vez
Me falou que andou saindo com um contrabaixista
Que roubou o seu fusquinha e depois sumiu de vista
Contei meu caso escandaloso com a mulher do deputado
Que só gostava de rolinha, de peru e de veado
Disse que ao ver criança pobre, se lembra do tal pivete
Que lhe aplicou uma ganância e lhe cortou com canivete
Já se entupiu de remédios pra acabar com uma gastrite
Mas só vê aumentar estrias e surgir mais celulite
Nós já conversamos muito e você não se queixou
Do sangue e da dor que lhe persegue todo mês
Se passar da meia noite e o seu marido não chegou
Então vamos pra cama outra vez
O Suicídio Parte II
(Marcelo Nova / Gustavo Mullem)
Cada dia que passava
Na prisão do seu lar
Era menos um motivo
Para ele acreditar
Acordava todos os dias
Ao som do despertador
Os ponteiros lhe mostrando
O seu tempo já passou
Não, ele não quer tentar
Não, ele não quer morrer
Não, ele não quer sangrar
E não, ele não quer viver
Diz que vai se dar bem
Pois não nasceu para este calor
“Se o mundo desse chance
Eu seria um grande ator”
Disfarça suas mágoas
Entre as páginas da Veja
O aluguel tá atrasado
E acabou sua cerveja
Não, ele não quer tentar
Não, ele não quer morrer
Não, ele não quer sangrar
Não, ele não quer viver
Sonha que é a espada
Entre o bem e o mal
Deus, rei, imperador, qualquer um que seja
Nunca houve outro igual
Ao lado de Herodes
Comandou o genocídio
Mas quando acorda assustado
Tá pronto pro suicídio
Não, ele não quer mais tentar
Não, ele não quer viver
Não, ele não quer sangrar
E só… Ele só quer morrer
Chuva Inflamável
(Marcelo Nova / Karl Hummel / Gustavo Mullem)
Instrumental
Enigma
(Adelino Moreira)
Quis conter-me mas não pude
Revoltado com a atitude
Dessa gente original
Que pensa ser incomum
E julga todos por um
E prega sem ter moral
Insensatos pregadores
Esses cruéis detratores
Agem quase sempre assim
São imbecis personagens
Molares das engrenagens
Que sentem inveja de mim
Dizem que eu encarno o mal
Que eu não passo de um radical
E que sempre falo demais, falo demais
Dizem esses entendidos
Que eu devo tomar juízo
Ser como eles banais
Não os temo e nem me assusto
Mesmo sabendo que o justo
Paga pelo pecador
Pois quem deve não medra
Atire a primeira pedra
E eu mostro o meu valor
Farinha Do Desprezo
(Jards Macalé / Capinam)
Já comi muito da farinha do desprezo
Não, não me diga mais que é cedo
Quanto tempo baby, quanto tempo estava pronta
Que estava pronta a farinha do despejo
Me joga fora que na água do balde eu vou-me embora
Me joga fora que na água do balde eu vou-me embora
Só quero agora da farinha do desejo
Alimentar minha fome pra que nunca mais me esqueça
Como é forte o gosto da farinha do desprezo
Só vou comer agora da farinha do desejo
Me joga fora que na água do balde eu vou-me embora
Me joga fora que na água do balde eu vou-me embora
A Canção Do Martelo
(Alex Harvey – Versão Marcelo Nova)
“Oh não, não me dispense”
Disse o homem com o martelo
Martelando na bigorna
Eu tenho trabalhado nessa estrada de pedra
Eu fico martelando, eu fico martelando, eu fico martelando
Martelando na bigorna
“Não, não deixe o sol se pôr”
Disse o homem com o fogo
Fogo na fornalha
Estou aqui tremendo de frio
Mas mantenho o fogo, eu mantenho o fogo, mantenho o fogo
O fogo na fornalha
“Não, não fale assim”
Disse o homem modelando
Modelando a superfície
Eu não durmo a mais de uma semana
Eu fico modelando, eu fico modelando, eu fico modelando
Modelando a superfície
“Não sei o que você quer de mim”
Disse o homem com a pá
Cavando na lama
Eu tenho respirado toda essa sujeira
Eu fico aqui cavando, eu fico aqui cavando, eu fico aqui cavando
Cavando na lama
Modelando a superfície
O fogo na fornalha
Martelando na bigorna
Martelando na bigorna
“Oh não, não me dispense”
Disse o homem com o martelo
Martelando na bigorna
Eu tenho trabalhado nessa estrada de pedra
Eu fico martelando, eu fico martelando, eu fico martelando
Martelando na bigorna
Cavando na lama
Modelando a superfície
O fogo na fornalha
Martelando na bigorna
Martelando na bigorna
Aluga-se
(Raul Seixas / Cláudio Roberto)
Brasileiro e brasileira
A solução pro nosso povo eu vou dar
Negócio bom assim ninguém nunca viu
Tá tudo pronto aqui é só vim pegar
A solução é alugar o Brasil
Nós não vamos pagar nada
Nós não vamos pagar nada
É tudo free, tá na hora
Agora é free vamos embora
Dar lugar, pros “gringo” entrar
Este imóvel tá pra alugar
Os estrangeiros eu sei que eles vão gostar
Tem o atlântico e tem vista pro mar
A Amazônia é o jardim do quintal
E o dólar deles paga o nosso mingau
Nós não vamos pagar nada
Nós não vamos pagar nada
É tudo free, tá na hora
Agora é free, vamos embora
Dar lugar pros “gringo” entrar
Este imóvel tá pra alugar
Os estrangeiros eu sei que eles vão gostar
Tem o atlântico e tem vista pro mar
A Amazônia é o jardim do quintal
E o dólar deles paga o nosso cruzado
Nós não vamos pagar nada
Nós não vamos pagar nada
É tudo free, tá na hora
Agora é free, vamos embora
Dar lugar pros “gringo” entrar
Este imóvel tá pra alugar
Canalha
(Walter Franco)
É uma dor canalha
Que te dilacera
É um grito que se espalha
Também pudera
Não tarda nem falha
Apenas te espera
Num campo de batalha
É um grito que se espalha
É uma dor
Canalha